Quadrado


Durmo sozinha em minha cama.
Brinco com a sombra, que meu corpo projeta na parede cor de salmão, quando ligo a luminária.

-
Sozinha. Canto quando estou sozinha.
Canto, com minha voz meio desajeitada, canções que se apagam no vazio.
Canto sem me preocupar.
Canto sem saber a letra.

Simplesmente canto.

Dentro de caixas guardo meus sonhos, pois tenho medo de encontrarem meus desejos mais obscuros e profundos.

Serei descoberta. Serei julgada.

-
Sou gigante em minha parede, pequena no mundo.
E meus objetivos martelam na minha cabeça, me sufocando dia após dia.
Sendo programada para ser mais uma.
Vivo onde o ego engole as pessoas e a vaidade consome, como um monstro faminto, quem és.

-
Tento lembrar os detalhes daquele rosto, de suas imperfeições. Elas que me fazem amar quem amo.

É engraçado o modo como cada singelo objeto ao redor me lembra instantes, meus momentos.
Nossos momentos ?

Não sei, só sei que estou aqui, no meu quarto quadrado.

Espero você chegar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário